quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Mais uma vez

Corre assim tão pouco em mim, que quando mais posso, menos tenho?

Que quanto mais posso fazer-me, menos me tenho?

Corre tão pouco de mim em mim, que quando corro sonho, deliro e conspiro sobre estar parada? E quando por fim paro, adormeço, esqueço e flutuo daqui para ali, e mais nada... Mais nada?!

Há tantos nadas... Há o nada a olhar para o céu, todo meu, toda eu. E há o nada em que toco de tudo, toda ausentada.

Entre um e o outro, a distância entre o ser e o parecer...

Parecer-se com um medo, com um enrredo emprestado. "É mais fácil", é questionável, é sobretudo mais dócil. Daqui para ali, com a voz adaptada, muita voz para pouco dizer ou dizer um pouco demais, desde que já tenha sido dito.

Porque em ser, não há medo ou perder... e quando assim me tenho, vejo-me num mundo que me vê ausente. Perde-me, porque não me tem mão, porque não me tem sob o pé. Aqui, ao longe, é que sou o sol em rota errante, sou-me toda e dou-me consoante. Sorvo da vida o viver, ilumino no mundo o que essa vida quiser.

Sendo abrupta a diferença, onde encontra guarida a desculpa, a justificação de se ir roubando e amestrando o coração? Onde se esconde o delirio de rejeitar a vida que vem oferecida e vem de dentro, para pagar caro para só sobreviver? (Provavelmente na razão, a razão é bem capaz de ser trono de qualquer loucura). 

Conhecer a luz dos olhos é saborear essa diferença com a alma. O que a liga, o que a desliga.

Ligo-me, sou infinito, desligo-me, para caber onde não se cabe inteiro. Quem teme o inteiro, quem susurra o medo e o impinge?

(Eu.)
Como posso ser ambos e saber e permitir... e admitir. Ligar e desligar.

Admitir que sou eu.
Posso! Posso ser, saber, permitir e admitir. E devo! Para me levar, me retomar, como sou... mais esta vez!






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